segunda-feira, 31 de março de 2008

Investidores esperam fala de Bernanke nos EUA


Em tempos de elevada incerteza, cada indicador econômico ou notícia veiculada afetam bastante o humor dos investidores. Tem sido assim nas últimas semanas e, segundo especialistas, as informações divulgadas continuarão determinando o comportamento do mercado nos próximos dias. "Ou seja, ainda há muita volatilidade à frente", diz Alessandra Ribeiro, analista da Tendências Consultoria.

Os índices de atividade do setor industrial e do setor de serviços, medidos pelo instituto ISM, estão entre os principais dados a respeito da economia dos EUA a serem divulgados nesta semana, juntamente com a taxa de desemprego.

O indicador referente à atividade manufatureira sai amanhã. A estimativa da maior parte dos economistas é a de que em março ele tenha caído para 47,5 pontos, contra 48,3 pontos no mês anterior.

Na quinta-feira, sai o índice do segmento de serviços. Espera-se que ele tenha recuado para 48,5 pontos neste mês. Em fevereiro, estava em 49,3 pontos. Pontuações acima de 50 pontos indicam uma expansão da atividade e, abaixo, retração. "Os números já estavam ruins há um mês e agora devem piorar", comenta Alessandra.

O relatório acerca do nível de emprego será divulgado na sexta-feira. Em fevereiro, a taxa de desemprego tinha ficado em 4,8% e a previsão é de um avanço para 5% em março. "O consenso entre os economistas é de que tenha havido uma redução de 50 mil postos de trabalho no período, o que mostra o rápido enfraquecimento do mercado de trabalho."

Na quarta-feira, o presidente do Fed (Federal Reserve, banco central norte-americano), Ben Bernanke, fala sobre as perspectivas para a economia americana diante de um comitê do Congresso. Como a última reunião do comitê de política monetária da instituição aconteceu há apenas duas semanas, não se espera que ele vá dizer muitas novidades.

"Bernanke deve ressaltar que há fortes riscos para a atividade, diante da contração do setor imobiliário e da falta de crédito. No entanto, vai tirar um pouco o peso da taxa de juros, pois a política monetária não resolve tudo", opina a analista da Tendências. Mesmo assim, os investidores ainda esperam um corte de juros adicional de 0,25 ponto percentual --o que levaria a taxa básica dos EUA para 2% ao ano- no próximo encontro do Fed, no final de abril.

Os investidores também estarão atentos aos grandes bancos e instituições financeiras. O americano Bear Stearns quase quebrou e ainda há temores de que outros também estejam em situação complicada devido às perdas com a crise hipotecária.

A Bolsa de Valores de São Paulo tem sofrido menos com os solavancos na Bolsa de Nova York, porém o pessimismo em Wall Street prejudica a sua capacidade de recuperação. Embora tenha avançado 2,48% na semana passada, ainda acumula queda de 5,38% em 2008. De acordo com a avaliação de especialistas, o mau humor igualmente deve segurar o dólar comercial acima de R$ 1,70.

Quanto à economia brasileira, os números mais esperados são os referentes à produção industrial de fevereiro, que saem na terça. Depois de um crescimento de 1,8% em janeiro, as previsões são de baixa de 0,6%.

O debate sobre o grau de aquecimento da atividade doméstica continua. Já está embutido nos preços das ações de empresas brasileiras uma elevação da taxa de juros, que não se vislumbra ainda quando poderia ocorrer. A alta afetaria os ganhos das companhias por frear o consumo e aumentar o custo de capital.

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